Podemos refletir sobre o título desse artigo, de acordo com os ensinamentos da Dra. Bianca Pizzato Carvalho, pag. 154, Livro: “Constelações Familiares na Advocacia Sistêmica”: “O advogado sistêmico não é terapeuta, mediador, conciliador ou constelador, ele possui conhecimentos acerca de todos esses métodos, e utiliza-os em seu atendimento humanizado e nas suas práticas jurídicas, sem desviar o foco de seu papel como advogado”. (grifo nosso).
Assim, respeitando toda a multidisciplinariedade e cooperação necessária entre as diversas áreas de conhecimento, o Direito Sistêmico utiliza-se sim do conhecimento desenvolvido pelo filósofo alemão “Bert Hellinger”, responsável pelo desenvolvimento das “Constelações Familiares” e escritor de inúmeros livros com tradução em diversos países, mas não é psicologia, nem constelação e religião, sendo uma forma de olhar sobre o direito das partes, da legislação, da atuação do profissional jurídico em diversos campos, dentro do Judiciário como serventuário, Juiz, Promotor, Assistente Social, que permitem primeiro a ampliação de olhar sobre eles próprios para que em um momento posterior possam estar preparados para promoção deste olhar diferenciado ou ampliado às demais pessoas que procuram por ajuda e solução para seus conflitos jurídicos sejam de qual área do Direito for, sendo que nas de família, juventude, idosos, tem uma atuação muito satisfatória, migrando para outras, como Empresarial, Imobiliária e Trabalhista.
Assim o Direito Sistêmico atua com conceitos diferenciados, não possuindo um código de artigos ou uma legislação própria, não encontraremos livros dessa área em que teremos o mesmo raciocínio analítico do Direito Tradicional, preexistente, que permitiu a coexistência do Sistêmico. Existe sim, uma contribuição da visão psicológica posto que o Direito trabalha com as questões humanas e tudo pode convergir para as próprias partes que podem por meio dessas várias possibilidades de solução no Direito Moderno, escolher uma que seja a mais adequada para sua situação.
Atualmente, temos uma média de 3 (três) anos para que seja proferida uma decisão judicial de primeira instância, e para o País custa mais de oitenta e cinco bilhões de reais ao ano para manutenção e custeio de todo o Judiciário, o que faz que novas formas de solução de conflitos, sejam alternativas e bem mais econômicas para toda a coletividade.
No Direito não é autorizado realização de terapias e nem mesmo são conceitos religiosos que são aplicados, as Constelações Familiares, para quem já conhece ou já de alguma forma pode assistir, recebe um grande presente de ampliação do olhar sobre o conflito apresentado e pode por meio dessa percepção encontrar novas formas de resolução, mas dependerá de ações também de todos os envolvidos, por isso não é algo mágico e nem o remédio para os todos os males.
Pode ser que daqui dez anos ou menos as máquinas substituam os advogados, imprimam petições já quase prontas, mas essa percepção humana para a verdadeira solução dos conflitos a máquina não conseguirá atingir.
(*) A autora é Advogada Sistêmica, inscrita na OAB/SP 225.058 e Presidente da Comissão de Direito Sistêmico e da OAB Concilia da 30ª Subseção de São Carlos.
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